“Que o Senhor salve a minha vida e a vida do meu povo” (Et 7,3)

Esse foi o clamor de Ester diante do povo instituído do seu tempo. Mesmo diante das dificuldades e da única oferta que tinha para si, ela sabia que sem vida nada mais seria possível. Estamos vivas e queremos viver!   

Mais uma vez, somos convidadas e convidados a escolher a vida em primeiro lugar. A reafirmar nossas escolhas pela liberdade e pelos valores evangélicos que abaixam as armas, destroem os canhões e proclamam a justiça. 

A elite desse país nunca foi capaz ou nunca quis conviver e valorizar as diferenças. O que está fora do modelo ideal e pré-estabelecido fica às margens: pessoas LGBTQIA+, população negra e povos indígenas, pessoas com deficiência, pobres, mulheres.

Deus quer que todas as pessoas tenham vida nova e vida em abundância, na contramão de uma política da morte que apenas criminaliza e limita direitos dos setores mais vulneráveis da sociedade.

O Grito dos(as) Excluídos(as) se atualiza em 2022. Como antes, precisamos nos fazer ouvir. Em respeito ao Estado Democrático de Direito e inspirados pelos valores republicanos, proclamamos, mais uma vez, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, como direitos inegociáveis. 

Com a força que a liberdade tem, a Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT defende nessas eleições candidaturas que apontem para um horizonte de vida plena para todas as pessoas. Aquelas que são capazes de fazer valer as bem-aventuranças para nosso povo:

1. Ressaltar e valorizar a diversidade da população, reconhecendo as suas necessidades específicas por meio de políticas públicas, acolhimento e assistência social;
2. Reconhecer as pessoas com deficiência como parte da diversidade, logo detentoras do direito legítimo de usufruir de tudo que os demais possuem, sem restrições;
3. Valorizar e incentivar a construção de um mundo melhor e mais justo sob a ótica do Bom Pastor, que não só dá a vida pelas suas ovelhas, mas confere a todas sentido de vida nova através do maior dom: a ressurreição – transformação das pessoas, uma metamorfose social.
4. Fortalecer a Democracia, que pressupõe fundamentalmente o respeito ao diverso, fazendo frente a um projeto ultraneoliberal na economia e nos costumes;
5. Defender os Direitos Humanos ao promover discursos de paz, amor, solidariedade e justiça, em oposição às armas e ao discurso de ódio;
6. Valorizar a educação, como instrumento libertador de todas as pessoas – defesa da educação pública, de qualidade, inclusiva, laica e democrática como direito de cidadãos e cidadãs;
7. Investir em educação, ciência e tecnologia, como forma de melhorar a vida da população;
8. Defender um Meio Ambiente protegido e equilibrado, cuidando da Casa Comum

Que possamos sempre lembrar que o Deus da vida é o Deus do amor e da justiça e jamais negocia ou tergiversa sobre o valor inalienável da vida que encontra realização maior no dom da ressurreição livres do pecado, da opressão e da morte!  

O amor continua sendo rebeldia no nosso tempo.

Nada de nós, sem nós!