Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT está entre os diversos organismos ligados ou com relação com a Igreja Católica que estiveram no Santuário Nacional de Aparecida
Organismos, pastorais e instituições vinculadas ou relacionadas à Igreja Católica, incluindo a Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT, reuniram milhares de pessoas em Aparecida-SP, neste domingo, 23 de outubro, por iniciativa da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), o Conselho Nacional dos Leigos do Brasil (CNLB) e a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), em Romaria pela Paz, Vida Plena e Democracia.
O evento foi uma resposta aos fenômenos de intolerância, racismo, violência, lgbtfobia, misoginia, e também à ameaça, ao desrespeito e à manipulação das religiões, ferindo a Democracia, que tem tido cada vez mais espaço no Brasil, especialmente agora, no período eleitoral.
As romeiras e os romeiros caminharam da Basílica Velha, onde ocorreu um ato, até o Santuário Nacional, onde foi celebrada a Eucaristia, se juntando a outras pessoas, vindas de todo o país.
Nos cantos e nas falas, ecoou a mensagem contida na carta dos bispos do Brasil, escrita por ocasião da Assembleia Geral da CNBB, e também o clamor pela paz, liberdade religiosa, respeito à democracia e compromisso social que, como cristãs e cristãos, devemos buscar no próximo dia 30 de outubro.
Pedindo a proteção de Nossa Senhora Aparecida, mãe dos pobres e mulher preta, foi divulgada, também, a nota “Profecia e esperança”, assinada por muitas pastorais e organizações religiosas, dentre elas a Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT. Nela, fica ressaltada a esperança que “a democracia e nosso voto possam contribuir para modificar a realidade, voltando a ter justiça e paz para as famílias e comunidades de nosso país”, e fortalecendo a democracia, os direitos humanos e a preservação ambiental.
Leia a carta divulgada na íntegra:
PROFECIA E ESPERANÇA
“Somos chamados a amar a todos, sem exceção, mas amar um opressor não significa consentir que continue a ser tal; nem levá-lo a pensar que é aceitável o que faz. Pelo contrário, amá-lo corretamente é procurar, de várias maneiras, que deixe de oprimir, tirar-lhe o poder que não sabe usar e que o desfigura como ser humano. Perdoar não significa permitir que continue a espezinhar a própria dignidade e a do outro, ou deixar que um criminoso continue a fazer mal. Quem sofre injustiça tem que defender vigorosamente os seus direitos e os da sua família, precisamente porque deve guardar a dignidade que lhes foi dada, uma dignidade que Deus ama”.
(Encíclica Fratelli Tutti, do Papa Francisco, no 241)
Nós, organismos, pastorais e instituições vinculadas ou relacionadas à Igreja Católica, vimos a público com profecia e esperança para nos manifestarmos quanto ao segundo turno eleitoral. Fazemos isso de maneira serena e vigilante, porque estamos preocupados com o presente e com o futuro de nosso País, com o que desejamos para nossas crianças, adolescentes, jovens, pessoas adultas e idosas. As ações do atual presidente em favor das armas de fogo, que incentiva a violência; a sua prática constante de propagar mentiras e disseminar o ódio; a manipulação que faz das religiões como forma de poder; a sua política de destruição ambiental; as suas ações que elevaram às quase 700 mil mortes e à desproteção da vida na pandemia; a sua orientação econômica que tem gerado a fome e a miséria de nosso povo; a sua constante pregação contra as instituições do Estado Democrático de Direito; por suas más atitudes no trato das questões relativas às juventudes, às mulheres, aos negros, às pessoas LGBTQIA+ e aos Povos Originários e Comunidades Tradicionais; enfim, todos esses seus atos nos impelem a nos posicionarmos contrários à sua reeleição, para sermos coerentes com a Doutrina Social da Igreja Católica e com o Evangelho de Jesus.
Às irmãs e aos irmãos brasileiros, atingidos pelo desemprego; pelos baixos salários; pela inflação e alta dos preços, principalmente da comida; descuidados pelo governo federal na pandemia com a demora da compra de vacinas: têm a nossa solidariedade ativa! Estamos juntos na caminhada para modificar esse estado de coisas, esperançosos e esperançosas de que a democracia e nosso voto possam contribuir para modificar essa realidade, voltando a ter justiça e paz para as famílias e comunidades de nosso país.
Temos a firmeza e a tranquilidade de nos posicionarmos em favor da eleição do ex-presidente Lula porque vivenciamos no seu anterior governo uma situação de paz, liberdade religiosa, respeito à democracia e compromisso social que precisamos reconquistar. Estamos em profunda comunhão com o Papa Francisco e com os Bispos da Igreja Católica no Brasil, pedindo a intercessão maternal de Nossa Senhora de Aparecida, para que sobre todas e todos venham a luz e o discernimento do divino Espírito, a fim de que nos comprometamos a fortalecer a democracia, os direitos humanos e a preservação ambiental neste abençoado Brasil.
Brasília 21 de outubro de 2022.