Se você é LGBT+, saiba em primeiro lugar que isto não é opção, mas faz parte de você porque Deus lhe fez assim e lhe ama assim. Saiba acolher, estimar e celebrar a criação divina na sua própria vida.
Como disse o papa Francisco, assim como Jesus ia ao encontro das pessoas que viviam à margem, é isto que a Igreja deve fazer hoje com as pessoas da comunidade LGBT+, muitas vezes marginalizadas dentro da própria Igreja: fazer com que se sintam em casa, especialmente as que são batizadas, pois são parte do povo de Deus. E o papa autorizou a bênção a pessoas em uniões do mesmo sexo, afirmando que elas “vivem o dom do amor” (1). Pôr fim à marginalização e promover a integração não é algo que se faz de uma vez. É um longo caminho que implica em mudança de mentalidade e costumes.
Quanto à comunhão, o papa ensina que a Eucaristia não é um prêmio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos. E alerta contra os que muitas vezes agem como controladores da graça e não como facilitadores. A Igreja não é uma alfândega, mas a casa paterna onde deve haver lugar para todos os que enfrentam fadiga em suas vidas (2). Sobre a perfeição, se você realmente acredita que Deus lhe criou assim, uma pessoa LGBT+, não há nenhuma obrigação de se enquadrar no modelo heterossexual e cisgênero.
Sobre pessoas em situação considerada irregular, o papa ensina que em toda e qualquer circunstância, perante quem tenha dificuldade de viver plenamente os mandamentos, deve ressoar o convite para percorrer o caminho do amor, que é a primeira lei dos cristãos (João 15,12) e a plenitude da própria lei (Gálatas 5,14). Não se pode dizer que todos os que estão numa situação chamada irregular vivem em estado de pecado mortal, privados da graça. Por causa de condicionamentos ou de fatores atenuantes, pode-se viver na graça de Deus, amar e crescer na vida da graça, recebendo para isso a ajuda da Igreja que pode incluir os sacramentos (3).
Aos sacerdotes, o papa exorta que o confessionário não deve ser uma sala de tortura, mas o lugar da misericórdia do Senhor que nos incentiva a praticar o bem possível (4). E ele faz um alerta contundente: “fujam dos padres rígidos! Eles mordem”(5)! Convém dizer que não só os padres rígidos mordem, mas também os leigos e movimentos religiosos rígidos. Tudo isto deve ser considerado pelos LGBT+ que buscam orientação ou aconselhamento. É preciso fugir da homotransfobia religiosa, que é tóxica e devasta, e buscar ambientes seguros a fim de encontrar o jugo leve e o fardo suave oferecidos por Jesus.
Considerando tudo isto, sim, você pode comungar!
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1- Vida: a minha vida através da história / Papa Francisco, p. 288-290.
2 – Evangelii Gaudium, n. 47.
3 – Amoris Laetitia, n. 301-308.
4 – Evangelii Gaudium, n. 44.
5 – Discurso, 20 nov. 2015.